quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Em modo monocromático*

Isto está quase. Isto está quase. Isto está quase. Isto está quase.

(Não está nada, ainda tenho mais três semanas até ao deadline, mas a malta tem que se animar com qualquer coisa e toooooooda a gente sabe que uma grávida também não diz nada de jeito, tem uma memória de peixe e o seu discurso nesta fase é chato com’á potassa, pouco variando entre lamentos por não arranjar posição para dormir ou porque está sempre com azia, ou porque os pés são já uns trambolhos à conta da retenção de líquidos. Somos um sumidouro de paciência, a começar pela nossa, pois por muito que uma pessoa se queira abstrair, tudo chateia, aborrece ou irrita, a começar pela rotineira pergunta do quanto tempo falta, acabando nas malfadadas conversas sobre partos, com particular ênfase naqueles que a) não correram bem; b) demoraram séculos; c) foram experiências transcendentais na vida dos pais. Pessoas, been there, done that. Por alguma razão, eu apaguei/recalquei parte do parto anterior, ok? Não me interessa saber o que correu bem ou mal ou assim/assim. Já só queremos chegar à meta desta maratona. Estamos quase em modo rastejante, a autonomia reduzida a uma hora de locomoção ou menos e tudo o resto é insignificante face à dimensão desta barriga. O mundo pode estar à beira do fim. A única coisa que ecoa em mim é: isto está quase. Isto está quase. Isto está quase. Isto está quase).
* também poderia ser "in repeat", mas não me ocorre agora nenhuma música particularmente irritante. Ou melhor, até acorre mas eu já ando chata o suficiente.

4 comentários:

  1. isso é uma maneira da natureza nos entusiasmar com a ideia de parir, não é? tornar a vida insuportável até só se desejar que a criança saia.

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  2. Acho que é mais ou menos por ai, sim.
    :D

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  3. Está quase, e vai correr bem :)

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    1. Sim, pensamento positivo (ò pra mim a fazer de conta que está tudo absolutamente sob controlo)

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